

Está para existir, em toda a culinária mundial, um molho tão básico e, ao mesmo tempo, tão versátil quanto o vinagrete. O que é ótimo para quem gosta de boa comida e, especialmente para aqueles que, como nós, precisa aliá-la às famigeradas baixas calorias. Afinal, considerando-se sua composição básica - três partes de vinagre (de vinho, de maçã, de arroz, de xerez), uma de azeite ou óleo (de girassol ou amendoim) pimenta do reino e sal - uma colher (sopa) do molho teria ai por volta de 25 calorias contra, por exemplo, 90 calorias do azeite puro ou 40 a 50 calorias da maionese industrializada.

E isto sem levar em conta que podemos, a bem da dieta - e que nos perdoem os puristas- substituir parte do azeite (e não do vinagre como se faz habitualmente) por suco de alguma fruta (limão, laranja ou outras), o que deixa a conta das calorias a nosso favor ainda melhor.
Vinagrete é primeiramente um excelente molho para saladas de folhas verdes, mas também acompanha muito bem vegetais frios (tomate, aspargo, couve-flor, alho-poró, coração de alcachofra) e ainda carnes vermelhas e brancas assadas e peixes e frutos do mar cozidos em court-bouillon (caldo aromático) ou no vapor. Pode ser usado em pratos prá lá de sofisticados como é o caso do “vinaigrette de coral”, uma sugestão do chef Alain Ducasse (que acumula com seus afamados restaurantes inacreditáveis 18 estrelas Michelin) em que o coral da cabeça das lagostas deve ser batido com azeite , mostarda e balsâmico.

O molho é usado para recobrir lagostas cozidas, servidas sobre feijão branco. Da próxima vez que for preparar uma, já sabe... Muuito mais light que o tradicional molho de manteiga, né??? E isto sem contar uma incrivel receita do premiado Erick Jacquin, “maître cuisinier de France” e chef do La Brasserie de São Paulo, o “vinaigrette de feijão” que podemos tranformar num prato principal.

A origem do molho é muito antiga. Na Babilônia já se temperava a salada, provavelmente colhida nos lendários Jardins Suspensos, com uma mistura de óleo e vinagre que, depois, no antigo Egito, ganhou o acréscimo de especiarias orientais. Mas o vinaigrette como o conhecemos hoje é definitiva e tipicamente um molho francês, definido pelo dicionário Larousse Gastronomique como “um molho frio feito a partir da mistura de vinagre, azeite, pimenta e sal e ao qual podem ser acrescentados diversos outros ingredientes como echalotas, cebolas, ervas, alcaparras, alho, anchovas, ovos, mostarda, etc”. E também tomate picadinho, sasinha e cebolinha como gostamos nós brasileiros.
Básico, mas nem por isso o vinagrete prescinde de uma boa técnica para ficar saboroso. Pra começar, um bom vinagrete depende, naturalmente, de um bom vinagre. O sabor azedo do vinagre, diz o já citado chef Alain Ducase representa “a ponta de emoção, o picante comportado... o indispensável complemento da harmonia gustativa dos quatro sabores” e isto se evidencia, com certeza, num bom vinagrete.
O Larousse Gastronomique traz receita de Raymond Olivier ( 1909 – 1990) que foi chef e proprietário do legendário restaurante Le Grand Vefour, de Paris. De acordo com esta receita, o primeiro passo é colocar o sal numa vasilha e dissolve-lo com uma colher de vinagre pois o sal não se dissolve bem no azeite. Depois, acrescentar três colheres de vinagre e uma de óleo/azeite e a pimenta do reino. Acrescentar, depois, os outros complementos como ervas, mostarda, alho. Misturar vigorosamente para emulsionar... Bata o vinagrete com um batedor de arame ou coloque em uma garrafa tampada e agite bem.
No blog do David Lebovitz, um americano que vive em Paris, e faz uma interessante página de gastronomia na web, encontrei uma receita do tradicional “vinagrete de mostarda” que acho perfeita:
1 / 8 de colher de sal grosso
1 colher de sopa de xerez ou de vinagre de vinho tinto
1 / 2 cebola pequena, descascada e picada
1 / 2 colher ( chá) de mostarda de Dijon
45 ml a 60 ml de azeite
ervas frescas, se desejar
Em uma tigela pequena, misture o sal, o vinagre e a cebola. Deixe repousar por cerca de dez minutos. Misturar, então, a mostarda de Dijon e o azeite. Se quiser crescentar ervas frescas, é melhor cortar e misturá-las na hora de servir para que conservem o sabor. O www.davidlebovitz.com é mais voltado para sorvetes e doces mas traz também receitas interessantes de outras áreas e merece uma visita.
E pode se fazer vinagrete de aceto balsâmico ou não??? Esta é uma discussão. Há quem, como Ducasse, considere o balsâmico uma tempero completo em si. Outros gostam de usá-lo num vinagrete. A receita: ½ xicara de balsâmico, uma pitada de adoçante, 1 dente de alho esmagado, 1 colher (sopa ) de mostarda de Dijon, pimenta do reino, ervas picadas.
Bem, e agora, o nosso vinagrete brasileiro , o “vinagrete de cebola” criado para acompanhar nosso churrasco: 4 cebolas picadas em pétalas finas, uma colher (chá) de adoçante de forno e fogão, sal a gosto, ¾ copo de vinagre, ¼ de copo de azeite, pimenta do reino moida. Escolha uma ou duas ervas para misturar: orégano, manjericão, salsinha ou alecrim ficam ótimos. Também bem tropicais são as versões com polpa congelada de frutas como maracujá e caju. Use a receita tradicional e substitua 1/3 do azeite (já que estamos de dieta) pelos suco dessas frutas. Outra receita bem brasileira é o “vinagrete de pastel de feira” de São Paulo. Picar o mais fininho possivel (sugiro que use o triturador) o repolho, o tomate e a cebola, até inteirar uma xicara de cada um e temperar com o vinagrete básico. Se quiser, acrescente uma pimenta dedo-de-moça também minusculamente picada. Deixe o pastel de lado que é muito calórico e consuma como salada.

Agora a mais famosoa versão agridoce deste molho, o “Vinagrete de Framboesa” : misturar bem 100g de geléia light de framboesa, 40ml de vinagre de maçã, 30ml de água, 20 ml de azeite, sal e pimenta do reino. Coar. É ótimo acompanhando salada de folhas e queijo camembert ou brie (só uma pequena fatia fina, por favor). Se não achar a geléia, mas encontrar a framboesa congelada, bata no liquidificador com a água da receita e depois misture os outros ingredientes. Outra versão agridoce é o “Vinagrete de mel” :1 xícara (chá) de óleo girassol, ½ xícara (chá) de vinagre de maçã, 1 colher (sopa) de molho de soja, tomilho, sal, pimenta do reino moída.
O site do azeite espanhol ensina um gostoso “Vinagrete de maçã” que leva
1 tomate médio, 1 maçã vemelha, 2 colheres (sopa) de salsinha picada ,1 cebola média,,4 colheres (sopa) de vinho branco, 5 colheres (sopa) de azeite, sal e pimenta-do-reino moida na hora a gosto. Pieue tudo pequenininho e misture bem.
Podemos fazer também um vinagrete oriental com 4 colheres (sopa) de azeite, 2 colheres (chá) de gengibre ralado, 2 dentes de alho, ¼ xícara de vinagre de arroz, 2 colheres (sopa) de molho de soja, 1 colher (sopa) de oleo de gergelim, uma pimenta dedo-de-moça picada bem fininho, 1 colher (chá) de adoçante dietético. Emulsionar.
Pra terminar o “vinaigrette de feijão” do chef Erick Jacquin que vale como refeição principal. A receita abaixo serve 4 pessoas:
4 camarões grandes limpos
200g de feijão-carioca
100g de cebola picada
4 colheres (sopa) de azeite
2 colheres (sopa) de vinagre branco
Pimenta-do-reino branca a gosto
Salsinha e cebolinha a gosto
Pitadas de flor de sal (se achar, senão use sal comum)
Cenoura e alho-poró para decorar
Ervas frescas (manjericão e alecrim)
Cozinhe o feijão em água e tempere-o apenas com sal, pimenta e azeite. À parte, pique a cebola, a salsinha e a cebolinha. Acrescente esses temperos ao feijão já cozido. Acerte o sal, a pimenta e adicione o azeite. Por último, coloque o vinagre branco. Reserve. Em uma frigideira, aqueça um pouco de azeite. Tempere os camarões com sal e pimenta branca moída na hora. Coloque-os para dourar na frigideira. Em uma tigelinha funda (estamos de dieta e não usamos prato fundo), coloque o feijão e por cima um camarão Para decorar, acrescente cenoura e alho-poró cortados em finas tirinhas. Finalize com as ervas frescas.